Eis que paramos no tempo por breves instantes e como que se o próprio tempo nos encaminhasse para o infinito das reflexões, esquecemo-nos que o tempo existe e viajamos a caminho do imaginário, confundindo-nos sobre o que é real ou ilusório.
Valores, como a educação, a ajuda ao próximo, o dar o nosso ombro como sinal de solidariedade, o simples bons-dias, boas-tardes ou boa-noite, termologias que a pouco e pouco vemos desaparecer do vocabulário, que rapidamente suspeito também fazerem desaparecer do próprio dicionário. É a luta desenfreada do “eu”. O "eu" é mais forte que tudo e todos. O “eu” é mais importante, o “eu” tem forçosamente que ser mais solido, mais forte, alicerçados sobre os ferros mais resistentes para não vergar. Sim, porque para vergar, estão aqueles ao qual o “eu”, deles, já não interessa, para o “eu”, do próprio “eu”. Eis que novos valores se levantam. Não escolhe classes, pobres, ricos e remediados. Os valores da inveja, os valores da ignorância, os valores do egoísmo, os valores da prepotência, da presunção, vaidade e tudo o que mais possa fazer parecer aos outros, mesmo que impere o reino da mentira, da hipocrisia e da mesquinhez. A dor dos outros não importa, a solidariedade mostrada pela presença individual pelo “eu”, a quem necessita, a quem precisa, a quem está frágil, simplesmente, cai bem à sociedade, e fica bem a todos, e aproveita-se os momentos débeis, para o “eu” se fazer mostrar consistentemente, o “eu” mostrará o seu “eu”, e o seu ego sentir-se-á no topo da escala de medição psicológica.
Pois é, como fazer ver aos outros que a verdade nem sempre é o que se vê? Como fazer ver aos outros que ninguém é perfeito? Como fazer ver aos outros que o que eles querem fazer crer, afinal, tudo não passa do tal caminho imaginário, sem rumo, sem fim, andam às voltas e voltas, não se apercebendo que tão próximo está o já dito... precipício.
Carlos Gil